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Acelerador de partículas é aliado no combate ao garimpo ilegal

11 Abr 2024

O setor de mineração, o meio ambiente, a economia e as comunidades indígenas enfrentam um grave desafio: o garimpo ilegal. Conheça uma alternativa utilizada no combate a essa atividade. 

O garimpo é uma atividade secular, presente no Brasil desde meados do século XVIII. Voltada para o extrativismo mineral, no período colonial foi intensamente realizado em diversas localidades, principalmente em Minas Gerais, na busca por ouro e diamante. Com o passar dos séculos, a atividade se estendeu para outros estados. 

O garimpo no Brasil

Atualmente, segundo dados do MapBiomas, a região Amazônica concentra quase a totalidade (92%) da área garimpada no Brasil, sendo o ouro o mineral mais procurado. 

Ocorre que, na região Norte, o garimpo ilegal é uma realidade. Em Roraima, por exemplo, de acordo com Ivo Cípio Aureliano, indígena Macuxi e assessor jurídico do Conselho Indígena de Roraima (CIR), “todos os garimpos são ilegais e estão localizados dentro das terras indígenas”.

Ivo explica que o garimpo clandestino é umas das maiores ameaças às comunidades indígenas no estado.  Por isso, o combate a essa prática se tornou uma luta constante de comunidades indígenas, governos, empresas mineradoras regulamentares e órgãos públicos.

Homem garimpeiro segura a bateia com as duas mãos.

Garimpeiro utiliza bateia para realizar a atividade. Crédito: divulgação.

Leia mais sobre a origem do ouro: https://portaldamineracao.com.br/ouro-saiba-mais-sobre-a-origem-do-metal/ 

Sirius: aliado na luta contra o garimpo ilegal

A partir de 2024, a Polícia Federal conta com um aliado poderoso no combate ao garimpo ilegal: a tecnologia do Sirius, laboratório de aceleradores de partículas localizado em Campinas (SP). O trabalho é resultado de uma parceria inédita entre a Polícia Federal, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia  e Materiais (CNPEM) e quatro universidades.

O Sirius é um grande equipamento científico e possui em seu núcleo aceleradores de partículas de última geração, capazes de produzir e controlar o movimento de elétrons em velocidades próximas à velocidade da luz. Esse equipamento gera um tipo de luz especial, a luz síncrotron, capaz de revelar a microestrutura de materiais orgânicos e inorgânicos.

A partir desse mecanismo, a tecnologia é capaz de identificar a origem de amostras de ouro. Ou seja, se amostras do mineral apreendidas pela PF foram extraídas ilegalmente de reservas indígenas no Brasil. Antônio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM, onde se localiza o Sirius, explica que a depender de onde o ouro foi formado ele pode carregar impurezas de maneira distinta.

“O tipo, a quantidade e o entorno das impurezas trazem informações do local onde o ouro foi formado. O Sirius consegue enxergar exatamente, em altíssima precisão, esses elementos estranhos à pepita de ouro”, esclareceu.

Inicialmente, a Polícia Federal, como uma ação do Programa Ouro Alvo, enviou 57 amostras de ouro para análise. Após o preparo do material, a amostra recebe um feixe de luz, invisível a olho nu. Cada operação dura, em média, 15 minutos e fornece um “raio-X” completo dos fragmentos. Os laudos das análises feitas pelo Sirius ficam prontos em dois meses.

Para o setor mineral, a utilização dessa tecnologia representa um avanço significativo na busca pela melhoria da fiscalização do mercado e responsabilização criminal de intermediadores e compradores de minerais extraídos ilegalmente.

Laboratório do CNPEM em formato circular e branco.

CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), onde fica localizado o Sirius. Crédito: divulgação.

* Com informações do Brasil de Fato, MapBiomas, Metrópoles – DF, CNPEM, G1

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