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Mapas sul-americanos desde o século XIX mostram a evolução do conhecimento geológico

04 Ago 2022

Você sabe a importância do conhecimento geológico para o setor mineral? A pesquisa e o mapeamento geológico são essenciais para o desenvolvimento da atividade minerária. Por meio deles é possível conhecer a superfície e subsolo, auxiliar  na  caracterização  de  minérios  e  nos  projetos  de  identificação e expansão do setor, dentre outros conhecimentos que somente a geologia e a geociências proporcionam à mineração. 

Um mapa – qualquer que seja o tema das informações que contenha – sintetiza o conhecimento de uma determinada região, país ou continente, em um determinado momento. Normalmente, a escala define o limite das informações que podem ser representadas. Estas informações são muito úteis para o setor mineral. 

O Serviço Geológico do Brasil é um dos principais indutores do conhecimento da geologia no país. Ele contribuiu em dois dos cinco mapas geológicos da América do Sul. As edições dos mapas geológicos da América do Sul permitem acompanhar a evolução das pesquisas geológicas nos últimos 150 anos e são retratos do conhecimento de uma determinada época, resumo da trajetória da evolução do conhecimento geológico e instrumentos sintéticos de preservação da memória da cartografia geológica. Até o momento, foram publicados cinco mapas datados de 1856, 1950, 1964, 2001 e 2019.

Golpe de vista Geológico do Brasil e de algumas outras partes centrais da América do Sul (1854). Crédito: SGB

O primeiro mapa sulamericano, intitulado Süd-America, foi elaborado pelo cartógrafo austríaco Franz Foetterle e publicado pelo Instituto Geológico Imperial Real Austríaco, em 1856. Cabe destacar que a publicação desse mapa foi antecedida, em 1854, por um mapa com mesma autoria, chamado “Golpe de vista Geológico do Brasil e de algumas outras partes centrais da América do Sul”, não envolvendo as partes sul (Patagônia) e norte do continente.

Mapa Geológico da América do Sul (1856). Crédito: SGB

Foetterle elaborou os dois referidos mapas com base em informações de mais de 20 autores, incluindo Carl von Martius, Johann Baptist von Spix, Charles Darwin e Alexander von Humboldt – alguns dos mais notáveis naturalistas do mundo.

A geologia mostrada nesses dois mapas é generalizada e reflete o pouco conhecimento da geologia do continente nessa época. 

Uma nova edição do mapa geológico sul-americano, intitulada Geological Map of South America, surgiu apenas em 1950 – um século depois-, e foi realizada pela Sociedade Geológica Americana (GSA), em parceria com a Sociedade Geográfica Americana (AGS) e o Serviço Geológico Americano (USGS).


Mapa Geológico da América do Sul (1950). Crédito: SGB

As edições seguintes do Mapa Geológico da América do Sul foram realizadas sob a coordenação da Comissão da Carta Geológica do Mundo (Commission for the Geological Map of the World – CGMW) – associação internacional responsável pela concepção, coordenação, preparação e publicação de mapas temáticos de Ciências da Terra, em pequena escala do globo, continentes, principais regiões e oceanos. 

Em 1964, a CGMW promoveu uma edição do Mapa Geológico da América do Sul, com apoio técnico e financeiro do Departamento Nacional de Produção Mineral – atual Agência Nacional de Mineração (ANM) -, em parceria com a CNP, USAID e UNESCO.

Mapa Geológico da América do Sul (1964). Crédito: SGB

A edição de 2001 do Mapa Geológico da América do Sul foi realizada com o apoio técnico e financeiro do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) e contribuições técnicas de todos os serviços geológicos sul-americanos, bem como dos laboratórios de geologia marinha do Brasil e Argentina. Vale destacar que, pela primeira vez, o mapa é apresentado em versão digital, além de mostrar dados da área oceânica. 

Já a edição de 2019 foi realizada com o apoio técnico e financeiro do SGB-CPRM, dos serviços geológicos da Colômbia, Argentina, Chile, Equador, Peru e Uruguai, em cooperação com a Associação de Serviços de Geologia e Mineração Iberoamericanos (ASGMI), que esteve, ainda, em conjunto com várias universidades e instituições de pesquisa da América do Sul. 

Mapa Geológico da América do Sul (2001). Crédito: SGB

Geólogo e pesquisador do SGB-CPRM, Carlos Schobbenhaus participou da coordenação das edições de 2001 e 2019 do mapa sul-americano. De acordo com ele, “as informações traduzem o estado da arte do conhecimento da geologia da América do Sul, dentro dos limites de consistência determinados pela escala utilizada”. As pesquisas permitem, também, “promover a cooperação técnico-científica entre os serviços geológicos sul-americanos e a divulgação internacional dos conhecimentos sintetizados do continente, para fins científicos e didáticos”. Por fim, o estudo contribui para a preparação de versões atualizadas do Mapa Geológico do Globo, publicados pela CGMW,” acrescenta o especialista.

Para ele, a comparação entre os mapas, considerando o volume de informações e a tecnologia de processamento, é difícil, porque entre as iniciativas pioneiras e as mais recentes se passou mais de um século. “No entanto, a criação desses documentos, a partir de 2001, visa a integração e reavaliação da geologia sul-americana, sob uma mesma base cartográfica, e estruturada em um ou mais Sistema de Informações Geográficas e bases de dados relacionais; bem como a harmonização da geologia e de tecnologias de geoprocessamento”, conclui. 

Mapa Geológico da América do Sul (2019). Crédito: SGB

*Informações do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM)

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