Medalhas olímpicas são produzidas com metais reciclados
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04 Ago 2021
Mais um ouro para o Japão! Mas, dessa vez, não é nas quadras, piscinas ou nas pistas de competição. O país-sede das Olimpíadas e Paraolimpíadas brilhou na produção do símbolo mais valioso do mundo dos esportes.
As medalhas olímpicas desta edição dos Jogos foram produzidas com o uso de metais reciclados de aparelhos eletrônicos. Dispositivos como computadores, celulares e câmeras digitais foram desmontados para reutilizar o ouro, a prata e o bronze, presentes em componentes como as placas de circuito. São os minérios fazendo parte do momento mais importante do esporte.
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Japão recicla lixo eletrônico de todo país para produção das medalhas do Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Crédito: Divulgação
Os metais, que já passaram por diversos processos produtivos para serem extraídos da natureza e utilizados na fabricação destes dispositivos eletrônicos, passam por um novo processo de separação, trituração e fusão.
É preciso desmontar os aparelhos eletrônicos manualmente, já que computadores, celulares e outros dispositivos não possuem projetos padronizados. Depois existe uma técnica de transformar o material separado em pó (trituração), podendo utilizar decantação, que é a separação de misturas heterogêneas, e então, a fusão a altas temperaturas para separar os metais. Após separar os metais, eles são levados para fornalhas que os derretem para ganharem os formatos de medalha.
De acordo com o Comitê Olímpico Internacional (COI), para conseguir fazer aproximadamente 5.000 medalhas para os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, a organização do evento precisou recolher uma quantidade enorme de lixo eletrônico. Foram mais de 6 milhões de telefones celulares usados e mais de 78 toneladas de computadores, tablets, monitores e outros aparelhos antigos ou quebrados. Deste material reciclado, foram extraídos 35 kg de ouro, 3,5 mil kg de prata e 2,2 mil kg de bronze.
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Rayssa Leal, atleta do skate, medalhista de prata nas Olimpíadas de Tóquio.
Os atletas brasileiros estão na busca pela tão sonhada medalha e vem obtendo grandes resultados. Mas, quando você vê a pequena Rayssa Leal, a mais jovem atleta brasileira em Olimpíadas, skatista de apenas 1,47m de altura e 38 quilos, com a medalha de prata no peito, comemorando orgulhosamente, você imagina quanto pesa esse maior símbolo da sua conquista?
As medalhas têm 8,5 cm de diâmetro e pesam praticamente meio quilo, sendo que a composição de cada uma varia. A medalha de ouro, a mais cobiçada pelos atletas, é feita de 556 gramas de prata reciclada coberta por 6 gramas de ouro, também reciclado. A medalha da Rayssa, de prata, pesa 550 gramas do próprio material. E, as de bronze possuem 450 gramas de latão vermelho (5% de zinco e 95% de cobre).
A coleta dos materiais eletrônicos foi realizada entre abril de 2017 e março de 2019, nas lojas da NTT DoCoMo, principal operadora de celular do Japão. Além disso, mais de 90% das autoridades municipais japonesas atuaram como pontos de entrega. Foram mais de 18 mil pontos de coleta espalhados pelo país.
Para escolher o responsável pela produção das medalhas, foi realizado um concurso com 400 participantes. O grande vencedor foi o designer Junichi Kawanish.
Mineração urbana
A iniciativa do Japão reforça a preocupação com o reaproveitamento do lixo eletrônico. Alguns países já investem pesado na “mineração urbana” ou “remineração” que é a obtenção de matérias-primas tendo como fonte os resíduos eletrônicos a fim de transformá-los em novos produtos. Ou seja, ao invés de retirar os metais das minas, utilizando o processo tradicional, os resíduos eletrônicos são reaproveitados após passar por um processo de reciclagem.
No Brasil, existem recicladoras de eletro-eletrônicos já a algum tempo. O primeiro passo, é o descarte adequado desses equipamentos. Já pensou que sua TV antiga pode conter diversos componentes que são o futuro da mineração? A tendência em sustentabilidade é a utilização racional dos recursos naturais (na jazida) e recuperação de diversos materiais a partir da reciclagem.
Segundo o relatório mais recente da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado em junho de 2020, foram gerados 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico em todo o mundo em 2019, o que representa um aumento de 21% em 5 anos, e uma média de 7,3 kg por pessoa. Deste total, 17,4% foi reciclado.
A China é o maior produtor de lixo eletrônico com o descarte de 10,1 milhões de toneladas. Depois estão os Estados Unidos, com 6,9 milhões de toneladas, e a Índia com 3,2 milhões. Os três países foram responsáveis por quase 38% do lixo eletrônico produzido no mundo no ano passado.
O Brasil é líder na produção de resíduo eletrônico na América Latina. Por ano, é produzido 1,5 milhão de toneladas de lixo, com apenas 3% dele coletado de maneira adequada.
Com informações do Educa Mais Brasil, ONU e do G1
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