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Um “alô” estratégico: invenção do telefone marca avanço tecnológico

30 Mar 2022

Primeira ligação telefônica do globo completou 146 anos neste mês de março; cerca de 60 metais são utilizados na fabricação de um aparelho

 

Conhecido por revolucionar os meios de comunicação, ao permitir que pessoas pudessem se comunicar por voz, instantaneamente, à longa distância, o telefone ganhou reconhecimento mundial quando, em 10 de março de 1876, o cientista britânico Alexander Graham Bell realizou a primeira ligação telefônica da história. Diante da importância histórica, a data é celebrada anualmente como o Dia Internacional do Telefone.

O que poucos sabem é que muitos metais são utilizados para o desenvolvimento desse poderoso comunicador. Ao longo do tempo, novos processos de criação e modernização dos aparelhos exigiram a presença de diversos tipos de metais em sua composição.

Graham Bell é mundialmente conhecido como o inventor do telefone mas, desde o início do século XXI, é consenso no meio científico que Antonio Meucci, um italiano que morava nos Estados Unidos, deu vida a um telefone eletromagnético, em 1856, vinte anos antes do registro feito por Bell. “Teletroffono” foi o nome dado à invenção do imigrante que cursou engenharia química e industrial, mas não concluiu os estudos. Ele patenteou provisoriamente o objeto, mas descobriu alguns anos depois que havia perdido o reconhecimento. Em 1876, Graham Bell criou o telefone pelo qual viria a ser conhecido e conseguiu a patente pela criação. Meucci chegou a processar Bell, mas não pode ver em vida o ganho da causa. O Congresso dos Estados Unidos só passou a reconhecer o Italiano como o inventor do telefone 9 em 2002.

Antonio Meucci. Fonte: Wikimedia Commons

De lá pra cá, muitas melhorias foram incorporadas à disputada invenção, mas algo se manteve. Desde o telefone “pé de ferro”, fabricado em 1890, até a invenção do celular, em 1973, os metais foram materiais essenciais para a confecção dos aparelhos. A importância dos metais na fabricação de telefones tornou-se ainda maior com a popularização dos dispositivos móveis nos anos 90 e na difusão dos smartphones, no final da década seguinte.

Telefone de mesa a magneto modelo AC100

Aproximadamente, 60 tipos de metais são utilizados na fabricação de um celular inteligente. Os terras raras, conhecidos como metais tecnológicos, são maioria, mas dividem espaço com outros bastante conhecidos — incluindo alguns presentes em todos os cantos do nosso dia-a-dia, como o alumínio e o cobre.

Ouro: metal fundamental do smartphone

Ouro e outros metais são fundamentais na fabricação de smartfones. Crédito: Lukmanazis/Shutterstock

Milhões de pessoas carregam ouro no bolso todos os dias sem sequer fazerem ideia disso. Junto com a prata e a platina, o minério é um componente fundamental para a construção de qualquer celular. Mas por que utilizá-lo para fabricação em massa se o ativo, teoricamente, tem um valor tão elevado? Porque, ainda que caro, o ouro é o metal no mercado que melhor consegue unir as qualidades de ser um ótimo condutor elétrico e sofrer pouca corrosão.

O ouro não somente é significativo na composição de um smartphone, mas também é um dos minerais mais importantes e estratégicos do território brasileiro. Na Resolução Nº 2 de 18 de junho de 2021, o Governo Federal definiu uma lista de minerais estratégicos. O estudo foi desenvolvido pelo Comitê Interministerial de Análise de Projetos de Minerais Estratégicos (CTAPME), mas contou ainda com outras importantes participações, como a do Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM). Ao todo, 28 minérios estão nessa lista.

Também o níquel está no quadro de metais mais importantes do país, sendo componente fundamental na confecção do aparelho. O minério está na parte eletrônica, na saída de áudio, no microfone e no revestimento de um smartphone. Assim como o tântalo -metal semelhante ao nióbio-, presente na parte eletrônica. O níquel é relevante para o Brasil pela sua aplicação em produtos e processos de alta tecnologia.

Outro estratégico importante para o celular é o lítio, presente na composição da bateria. A relevância desse metal tem crescido de maneira exponencial em diversos setores produtivos, principalmente na área tecnológica. A geóloga do SGB-CPRM Ioná Cunha avaliou que “hoje o lítio já é considerado um metal crítico por sua importância na aplicação em alta tecnologia, mas precisamos de mais pesquisas para melhorar nossa capacidade de suprir essa demanda, que só vai crescer”.

O cobre também é um metal muito relevante para a tecnologia e por possuir vantagens comparativas, sendo essencial para a economia, na geração de superávit da balança comercial do Brasil. Já o alumínio detém algumas das qualidades do cobre e, por isso, também é considerado estratégico. O primeiro metal atua na eletricidade do aparelho, o segundo costuma fazer parte do seu revestimento. Ambos são de grande importância para diversos setores da indústria brasileira.

Os Terras Raras
Fazendo uma retrospectiva às aulas de química, quem não se lembra da famosa tabela periódica? Das duas fileiras, destacadas na parte inferior, do modelo que agrupa todos os elementos químicos, em uma delas se encontram os Terras Raras, que são 17 metais de transição. Os elementos dessa classe têm essa denominação pela dificuldade encontrada para realizar a sua extração. Tal conjunto é conhecido por abrigar matérias primas fundamentais para a confecção de dispositivos de alta tecnologia, motivo pelo qual fazem parte da lista de metais estratégicos para o Brasil.

Na produção de um smartphone estão presentes os metais Terras Raras: praseodímio, neodímio, gadolínio, térbio, disprósio e európio. Eles estão espalhados pelo display, microfone, saída de áudio e vibração. O SGB-CPRM realizou dois estudos sobre o potencial de exploração de metais terras raras no Brasil, nos anos de 2015 e de 2019.

Talvez muitos já soubessem da disputa pela patente da invenção do telefone, mas será que tinham noção da presença de metais preciosos em um smartphone? Ou que muitos dos componentes de um celular são estratégicos para o país? Fique de olho nos materiais do SGB-CPRM para outras novas descobertas.

Fonte: Matéria publicada no Portal do Serviço Geológico do Brasil 

 

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