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Estudo geológico aponta potencial de Alagoas para explorar potássio e fosfato

07 Ago 2025

Minerais são amplamente utilizados pela indústria de fertilizantes e Brasil depende de importação

A conhecida dependência do Brasil da importação de potássio e fosfato para fabricação de fertilizantes deve ganhar um alento nos próximos anos. Isso porque pesquisas realizadas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificaram reservas de potássio e indícios de fosfato no subsolo alagoano. Há ainda possibilidade de ocorrências de urânio e tório.

Alagoas já é conhecido pela extração de sal-gema, cobre e ouro e, agora, vê abrirem-se novas possibilidades para atrair grandes mineradoras interessadas na exploração do potássio e fosfato. Se isso se confirmar, o Estado se verá em uma privilegiada posição estratégica do ponto de vista de exploração mineral. 

Os dados fazem parte do Projeto Geologia e Potencial Mineral da Bacia de Alagoas, que buscam definir um novo mapa do potencial mineral do Estado. Eles envolvem o processamento e a interpretação de dados obtidos por meio de levantamentos aerogeofísicos. Essa técnica utiliza sensores acoplados a aeronaves para captar informações do subsolo, sem a necessidade de intervenções diretas no terreno.

Fertilizantes

O fosfato e o potássio estão entre as principais matérias-primas utilizadas pela indústria de fertilizantes para fornecer os nutrientes essenciais ao desenvolvimento das lavouras. 

O Brasil sempre importou potássio e fosfato, principalmente, da Rússia e da Bielorússia, países que agora sofrem sanções do ocidente em razão da guerra com a Ucrânia, desencadeada há três anos. Em razão disso, o País teve de buscar novas alternativas de importação, como o Canadá. Nos últimos meses, no entanto, tanto Rússia quanto Bielorússia tem conseguido contornar as sanções ocidentais e os desafios logísticos para aumentar os embarques para a Ásia e a América do Sul.

Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), praticamente todo o potássio e cerca de 74 % do fósforo usado pela indústria nacional de fertilizantes vêm do exterior. Um levantamento da entidade aponta que, em 2024, o Brasil importou mais de 41 milhões de toneladas de fertilizantes, gastando cerca de US$ 3,38 bilhões, e continua altamente dependente desses insumos estratégicos. 

O fosfato é extraído principalmente de rochas fosfáticas e passa por um processo químico que o torna solúvel e mais facilmente absorvido pelas plantas. Já o potássio, geralmente obtido a partir da silvinita e de outros sais naturais, é transformado em fertilizantes como o cloreto de potássio e o sulfato de potássio, fundamentais para melhorar a resistência das plantas, regular a fotossíntese e aumentar a produtividade agrícola. A combinação desses dois nutrientes formam a base da adubação moderna em larga escala.

Terras raras

De acordo com a coordenadora do projeto Bacia Alagoas, Maria de Fátima Lyra de Brito, “na Bacia de Alagoas já existem ocorrências de depósitos de potássio reconhecidos por meio de sondagens recuperadas de poço para petróleo. Também são conhecidos, por meio de sondagens, indícios de mineralizações de fosfato”.

Ainda segundo ela, as anomalias encontradas sobre urânio podem, potencialmente, ser indicativas de presença de fosfato e as de tório podem estar relacionadas à ocorrência de terras raras. 

No entanto, a equipe técnica do projeto ainda aguarda informações complementares de geoquímica prospectiva para poder afirmar com certeza se existe ou não elementos de terras raras em Alagoas. Como se sabe, as terras raras são constituídas por 17 elementos vitais para a construção de baterias, turbinas eólicas e equipamentos de sistemas de defesa.

Fonte: Vanessa Siqueira / Movimento Econômico

Foto: SGB (Mapa com dados aerogeofísicos de Alagoas)

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