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Mineração e Carnaval: os laços entre dois importantes componentes da história nacional

Uns são fãs dos bloquinhos de rua, outros dos desfiles das escolas de samba e há os que valorizam apenas os dias de folga. Seja como for, todos estão ansiosos pela chegada do Carnaval, que este ano será celebrado entre os dias 10 e 13 de fevereiro. Mas você sabia que, sem a mineração, o Carnaval não seria o mesmo?

 

A mineração e o Carnaval

 

O ponto alto do famoso feriado nacional é, para muitos, os desfiles das escolas de samba e os bloquinhos espalhados pelas cidades. E nenhum dos dois seria plenamente possível sem a existência do setor da mineração.

O engenheiro mecânico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutor  em   Memória   Social  pela Universidade  Federal  do  Estado  do  Rio de Janeiro Júlio César Valente Ferreira informa em seu artigo “O Diálogo entre Modos de Fazer e Modos de Impor: o desafio da fronteira entre arte e engenharia nos carros alegóricos do carnaval carioca“, disponível no Portal de Periódicos da Universidade de Brasília (UnB), que:

“Em   linhas   gerais, um   carro   alegórico   é   um   elemento  de   um   desfile   baseado   em   uma   estrutura   metálica (estrutura treliçada tridimensional confeccionada por tubos de aço) suportada  por  um  chassi  de  caminhão,  o  qual  sofrerá modificações  como  o  aumento  da  dimensão  de  ponta  de  eixo  e  da inserção  de  estruturas  metálicas  laterais  suportadas  por  rodízios (denominados  também  por  rodas  malucas)  no  intuito  de  elevar  a volumetria da alegoria, além de alterações no sistema de suspensão para suportar o peso estimado.  Ao longo da produção destes carros são   realizadas   as   etapas   de   ferragem   (inserção   das estruturas metálicas), marcenaria, inserção de esculturas, pintura, adereçaria e as  instalações  tecnológicas  de  efeitos  de  luz  e  movimentos.”

 

Desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2013 - Segundo Dia.

Desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2013 – Segundo Dia.

 

Assim, vemos que, sem os metais obtidos por meio da mineração, os tradicionais desfiles das escolas de samba não teriam a cara que têm hoje.

O Carnaval também depende do setor minerário para obter a matéria-prima para seus instrumentos musicais, usados na produção dos marcantes ritmos do feriado.

É o caso do agogô, formado por duas ou mais campânulas de ferro de tamanhos diferentes, conectadas entre si. Seu som é obtido por meio da percussão de uma baqueta nas bocas de ferro.

E também do famoso pandeiro, comumente visto nas mãos do Zé Carioca, personagem de quadrinhos e desenhos da Disney. O pandeiro é feito por uma membrana esticada sobre uma armação circular e estreita. No meio do aro há chapinhas de metal presas por hastes, sendo tocado com as mãos.

Zé Carioca e Pandeiro

O personagem Zé Carioca e o seu pandeiro (Crédito: divulgação)

Vale lembrar também dos minerais e metais presentes nas fantasias, adereços e maquiagens utilizadas pelos foliões para entrar no clima do Carnaval.

 

Os enredos das escolas de samba

 

Os desfiles das escolas de samba são partes essenciais do feriado, sendo os mais famosos (os das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo) comumente transmitidos em rede de televisão para todo o país e para o mundo. Cada escola de samba monta o seu desfile com enredos próprios, que costumam utilizar grandes símbolos do imaginário popular para transmitir uma mensagem e também expor a cultura brasileira para os espectadores. Assim sendo, a mineração não podia ficar de fora dessas narrativas.

Em 2004, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desfilou com o tema de enredo a “Estrada Real”, maior rota turística do país, com 1630 quilômetros de extensão e passando pelos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

A Estrada Real surge quando a Coroa Portuguesa, em meados do século XVIII, decide oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes extraídos de Minas Gerais  até os portos do Rio de Janeiro.

Na letra do Samba-Enredo de 2004 da Mangueira, podemos ver a presença da mineração no imaginário coletivo. Confira um trecho:

 

“Um brilho seduziu o meu olhar,

Me fez encontrar

A estrada do sonho,

“real” desejo de poder e ambição.

As trilhas, bordadas em ouro,

Levaram tesouros, a caminho do mar. (teu chão)

Teu chão é um retrato da história

E o tempo não pôde apagar

Hoje descubro a beleza

Que faz a riqueza voltar.” 

 

 

Já em 1997, a escola de samba Vai-Vai cantou sobre Minas Gerais e a centenária Belo Horizonte no desfile das escolas de São Paulo, com enredo que falava em ouro e diamantes.

Assim, vemos como o Carnaval e a Mineração, dois importantes componentes da identidade nacional do Brasil, interagem e se complementam. E aí? Sabia dessa relação? Acompanhe o Portal da Mineração e fique por dentro de mais curiosidades como esta!

 

*Com informações de Agência Brasil; Portal do Comércio; ALMG; Instituto Estrada Real; Letras; O Tempo; Portal de Períodicos da UnB e Estadão.

 

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