Os minerais estratégicos são fundamentais para a transição energética no Brasil. Este tema já foi abordado aqui no Portal da Mineração (clique aqui e leia matéria completa). Entretanto, você sabe como a demanda desses minerais pela indústria automobilística pode afetar o setor mineral nos próximos anos? 

O Presidente do Conselho Internacional de Mineração e Metais (ICMM),  Rohitesh Dhawan, afirmou em entrevista para o Jornal Valor Econômico que a mineração vai ser afetada de três maneiras diferentes pelo avanço do mercado de carros elétricos e o maior risco para o crescimento desse tipo de veículo estará na capacidade de suprimento de minerais estratégicos ou críticos. 

“A maior ameaça para o mundo atingir os objetivos de controle da mudança climática e de crescimento dos veículos elétricos é o suprimento de minerais críticos. Não ter política ou incentivo para o carro elétrico não é risco. O maior risco é não ter minerais críticos”, afirma Dhawan. 

Um exemplo citado pelo executivo na entrevista foi o cobre. Segundo ele, a produção mundial oscila ao redor de 20 milhões de toneladas por ano, sendo que 4% desse volume é usado pela indústria automobilística. Em 2030, se a taxa de eletrificação de carros crescer como o planejado, 12% do cobre vai ser usado na indústria de veículos elétricos. Ele afirma que hoje um carro convencional carrega cerca de 10 quilos de cobre, enquanto um veículo elétrico leva entre 60 e 70 quilos do metal. “Uma forma que vai mudar [a mineração] é mudando a equação de oferta e demanda.”

Ele destaca que outra mudança virá da pressão que empresas automobilísticas deverão exercer por uma mineração mais responsável. “A empresas automobilísticas estão puxando uma demanda por padrões de mineração responsável. BMW, Tesla ou Daimler vão comprar minerais e eles têm que ser produzidos de forma responsável porque o comprador demanda que os carros sejam produzidos sustentavelmente”, frisa. “Nós do ICMM estamos aqui há 20 anos, voluntariamente puxando os padrões. As companhias automobilísticas estão se juntando a nós”, acrescenta.

A mineração brasileira foi o primeiro setor industrial do país a assumir o compromisso com a agenda ESG, que reúne boas práticas em relação ao meio ambiente, à responsabilidade social e à governança. A Agenda ESG da Mineração do Brasil foi iniciada em setembro de 2019 com a apresentação da Carta Compromisso do IBRAM Perante a Sociedade. Dezenas de mineradoras associadas ao Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) integram 12 grupos de trabalho, cada qual responsável por estabelecer metas e indicadores voltados a tornar o setor mineral, como um todo, mais sustentável, seguro e responsável.

A terceira forma de mudança, na visão de Dhawan, são as oportunidades de integração na indústria, como as parcerias entre ontadoras e fabricantes de baterias. O executivo não descarta a possibilidade de haver fusões e aquisições.

Sobre o ICMM 

O ICMM, fundado em 2002, é uma organização de liderança liderada por CEOs para melhorar o desempenho do desenvolvimento sustentável na indústria de mineração e metais. É composta por 26 companhias associadas que representam um terço da indústria global de mineração e têm 650 áreas de mineração em mais de 50 países. Como objetivo, o ICMM define padrões para uma “mineração responsável” aplicados a todos os membros.

Sobre  o IBRAM 

O IBRAM é uma organização privada, sem fins lucrativos, com mais de 130 associados, responsáveis por 85% da produção mineral do Brasil. Traz consigo a essência e a força da verdadeira #MineraçãodoBrasil.  Essa mineração é aquela alinhada à sustentabilidade. Indutora das boas práticas de ESG (meio ambiente, responsabilidade social e governança) em tudo o que faz. Ética e transparente em seus relacionamentos com as pessoas. Inclusiva. Influente e parceira nas iniciativas promotoras do desenvolvimento socioeconômico e de qualidade à vida das pessoas em geral.  Todas as ações do IBRAM são direcionadas a construir uma nova perspectiva de futuro para a mineração brasileira, traçando estratégias e liderando a transição do setor para um cenário ainda mais produtivo. Com sustentabilidade, segurança e responsabilidade com todos à sua volta.

*Com informações do Jornal Valor Econômico