Conheça os minerais de terras raras

18 Jun 2025
E entenda porque esses elementos tornaram-se estratégicos na geopolítica atual


Crédito: Divulgação
Nestes tempos em que as guerras – bélicas e tarifárias – se multiplicam pelo planeta, você já deve ter ouvido falar nas chamadas “terras raras”. Mas, você sabe o que são elas? Trata-se de um conjunto de elementos químicos, normalmente encontrados na natureza misturados a outros minérios, de difícil extração e separação – daí o nome.
Paradoxalmente à denominação, esses elementos são relativamente abundantes na crosta terrestre, o que acontece é que estão espalhados, e isso também dificulta a produção. Entre suas características peculiares estão o magnetismo intenso e a absorção e emissão de luz, o que os levam a ser utilizados numa ampla gama de produtos e atividades, principalmente na indústria automotiva.
Eles formam um grupo de 17 elementos químicos: lantânio, cério, praseodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio, ítrio, escândio e o mais requisitado deles nos dias de hoje, o neodímio. Ele é empregado para fazer imãs superpotentes, resistentes a altas temperaturas, fundamentais para a indústria tecnológica atual, notadamente a automotiva.
Carros elétricos e híbridos utilizam até dois quilos de elementos raros em sua construção. Os “superimãs” de neodímio estão presentes na assistência elétrica da direção, na recuperação de energia de frenagem (kers), sensores, transmissões, bancos, câmeras e muitos outros componentes. E, certamente, você deve ter na sua casa algum alto-falante ou fone de ouvido que emprega esse material.
O Centro Geológico dos EUA estima que haja aproximadamente 110 milhões de toneladas de terras raras no mundo, das quais 44 milhões estão na China. Outros territórios com grandes reservas são a Ucrânia e a Groenlândia.
O Brasil aparece em terceiro lugar em jazidas, atrás do Vietnã, com 21 milhões de toneladas. Apesar disso, a exploração de elementos de terras raras ainda é muito incipiente no País. Investimentos vêm sendo feitos em Minas Gerais e na região Norte e há planos para produção local de ímãs em Lagoa Santa (MG).
Mas, como já dito, a questão é que esses elementos são encontrados juntos nos mesmos tipos de minério, o que exige complexos e caros processos de extração e separação. E, atualmente, apenas a China domina esse refino altamente especializado. O país asiático responde por cerca de 70% da mineração global e mais de 90% do processamento de terras raras.
Esses elementos raros são utilizados ainda na produção de turbinas eólicas, discos rígidos, smartphones, vidros especiais e uma infinidade de produtos.
E o Brasil?
Diante desse complexo cenário geopolítico, em que os recursos minerais tornaram-se alvo de cobiça capazes de influenciar os conflitos, o Brasil tem de se preparar para transformar a crise em oportunidade.
“A conclusão é nítida. Mineração não é opção: é imperativo, inclusive para o Brasil. A guerra na Ucrânia deixou claro que recursos minerais são tão estratégicos quanto o petróleo no século 20. Para o Brasil, negligenciar seu subsolo é abrir mão de desenvolvimento econômico, autonomia tecnológica e influência geopolítica”, escreveu o presidente do IBRAM, Raul Jungmann, em artigo publicado no Correio Braziliense.
“A escolha situa-se entre fazer parte do jogo global ou entregá-lo a outros. Com planejamento, é possível conciliar crescimento mineral, sustentabilidade e valor agregado – desde que haja vontade política para transformar potencial em poder”, finalizou.