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Mineração e Carnaval: os laços entre dois importantes componentes da história nacional

Uns são fãs dos bloquinhos de rua, outros dos desfiles das escolas de samba e há os que valorizam apenas os dias de folga. Seja como for, todos estão ansiosos pela chegada do Carnaval, que este ano será celebrado entre os dias 28 de fevereiro a 4 de março. Mas você sabia que, sem a mineração, o Carnaval não seria o mesmo?

A mineração e o Carnaval

O ponto alto do famoso feriado nacional é, para muitos, os desfiles das escolas de samba e os bloquinhos espalhados pelas cidades. E nenhum dos dois seria plenamente possível sem a existência do setor da mineração.

O engenheiro mecânico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Doutor  em   Memória   Social  pela Universidade  Federal  do  Estado  do  Rio de Janeiro Júlio César Valente Ferreira informa em seu artigo “O Diálogo entre Modos de Fazer e Modos de Impor: o desafio da fronteira entre arte e engenharia nos carros alegóricos do carnaval carioca“, disponível no Portal de Periódicos da Universidade de Brasília (UnB), que:

“Em   linhas   gerais, um   carro   alegórico   é   um   elemento  de   um   desfile   baseado   em   uma   estrutura   metálica (estrutura treliçada tridimensional confeccionada por tubos de aço) suportada  por  um  chassi  de  caminhão,  o  qual  sofrerá modificações  como  o  aumento  da  dimensão  de  ponta  de  eixo  e  da inserção  de  estruturas  metálicas  laterais  suportadas  por  rodízios (denominados  também  por  rodas  malucas)  no  intuito  de  elevar  a volumetria da alegoria, além de alterações no sistema de suspensão para suportar o peso estimado.  Ao longo da produção destes carros são   realizadas   as   etapas   de   ferragem   (inserção   das estruturas metálicas), marcenaria, inserção de esculturas, pintura, adereçaria e as  instalações  tecnológicas  de  efeitos  de  luz  e  movimentos.”

Desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2013 - Segundo Dia.

Desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro 2013 – Segundo Dia.

Assim, vemos que, sem os metais obtidos por meio da mineração, os tradicionais desfiles das escolas de samba não teriam a cara que têm hoje.

O Carnaval também depende do setor minerário para obter a matéria-prima para seus instrumentos musicais, usados na produção dos marcantes ritmos do feriado.

É o caso do agogô, formado por duas ou mais campânulas de ferro de tamanhos diferentes, conectadas entre si. Seu som é obtido por meio da percussão de uma baqueta nas bocas de ferro.

E também do famoso pandeiro, comumente visto nas mãos do Zé Carioca, personagem de quadrinhos e desenhos da Disney. O pandeiro é feito por uma membrana esticada sobre uma armação circular e estreita. No meio do aro há chapinhas de metal presas por hastes, sendo tocado com as mãos.

Vale lembrar também dos minerais e metais presentes nas fantasias, adereços e maquiagens utilizadas pelos foliões para entrar no clima do Carnaval.

O personagem Zé Carioca e o seu pandeiro – Crédito: divulgação

Os enredos das escolas de samba

Os desfiles das escolas de samba são partes essenciais do feriado, sendo os mais famosos (os das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo) comumente transmitidos em rede de televisão para todo o país e para o mundo. Cada escola de samba monta o seu desfile com enredos próprios, que costumam utilizar grandes símbolos do imaginário popular para transmitir uma mensagem e também expor a cultura brasileira para os espectadores. Assim sendo, a mineração não podia ficar de fora dessas narrativas.

Em 2004, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira desfilou com o tema de enredo a “Estrada Real”, maior rota turística do país, com 1630 quilômetros de extensão e passando pelos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

A Estrada Real surge quando a Coroa Portuguesa, em meados do século XVIII, decide oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes extraídos de Minas Gerais  até os portos do Rio de Janeiro.

Na letra do Samba-Enredo de 2004 da Mangueira, podemos ver a presença da mineração no imaginário coletivo. Confira um trecho:

“Um brilho seduziu o meu olhar,

Me fez encontrar

A estrada do sonho,

“real” desejo de poder e ambição.

As trilhas, bordadas em ouro,

Levaram tesouros, a caminho do mar. (teu chão)

Teu chão é um retrato da história

E o tempo não pôde apagar

Hoje descubro a beleza

Que faz a riqueza voltar.” 

 

Já em 1997, a escola de samba Vai-Vai cantou sobre Minas Gerais e a centenária Belo Horizonte no desfile das escolas de São Paulo, com enredo que falava em ouro e diamantes.

Assim, vemos como o Carnaval e a Mineração, dois importantes componentes da identidade nacional do Brasil, interagem e se complementam. E aí? Sabia dessa relação? Acompanhe o Portal da Mineração e fique por dentro de mais curiosidades como esta!

 

*Com informações de Agência Brasil; Portal do Comércio; ALMG; Instituto Estrada Real; Letras; O Tempo; Portal de Períodicos da UnB e Estadão.

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