Um tema sempre discutido no Brasil quando se fala em economia, seja nos debates políticos ou em conversas sobre investimentos, são as commodities. Entretanto, nem todas as pessoas sabem o que é uma commodity e o papel que elas desempenham não só na economia do país como no nosso dia a dia.

Em julho deste ano, a publicação britânica The Economist destacou que a América Latina poderia estar à beira de um “boom de commodities”, induzido por fatores como a transição ecológica, que aumenta a demanda por metais e minérios, e o crescimento da população mundial, que intensifica a demanda por alimentos.

Afinal, o que são commodities?

As commodities são produtos em estado bruto, matérias-primas não industrializadas ou pouco modificadas, como, por exemplo, café, petróleo, ouro, ferro, carvão e carne bovina. 

Essas matérias-primas, em estado bruto ou pouco modificadas, se desdobram em centenas de subprodutos e alimentam grandes cadeias produtivas, a exemplo do lítio, mineral utilizado para a produção de baterias de carros elétricos. Quando comercializadas, o preço dessas mercadorias é determinado nas bolsas de valores conforme a oferta e a demanda.

As commodities brasileiras e a mineração no país

A Carta de Conjuntura publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em julho deste ano, assinalou que três commodities – a soja, o petróleo e o minério de ferro – representaram, em 2022, um terço das exportações brasileiras, em valores.

Já o trabalho “Governança regulatória no setor de mineração no Brasil”, publicado em 2021 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta a mineração como uma parte importante da economia brasileira desde os tempos coloniais, quando os portugueses se estabeleceram na região rica em ouro do atual estado de Minas Gerais.

O Brasil tem bastante relevância na indústria internacional de mineração, sendo posicionado como o segundo maior produtor mundial de minério de ferro e o maior produtor de nióbio.

Além disso, a publicação indica que a mineração desempenha um papel relevante para a economia brasileira, contribuindo para o PIB do país com um valor bruto estimado de US$ 43,7 bilhões no setor de produção mineral em 2020. As atividades de extração mineral representaram cerca de 2,4% do PIB em 2019.

Perspectivas futuras e a transição ecológica

No episódio de podcast da The Economist, a correspondente de América Latina, Ana Lankes, afirma que o boom das commodities coloca três países em destaque – Chile, Peru e Brasil – que já possuem bastante experiência em mineração e em produção de outras commodities, além de possuírem instituições financeiras bastante robustas e independentes.

A revista britânica de economia aponta que a América Latina possui um grande depósito de minerais e metais importantes para a transição ecológica, entre eles a maior reserva de lítio conhecida do mundo (60%), e apresenta o Brasil como detentor de reservas de grafita e outros metais utilizados na fabricação de baterias.

A transição ecológica aumenta a demanda por carros elétricos. Esse tipo de veículo utiliza baterias como fonte de energia para se locomover e é visto como solução para a descarbonização por ser uma alternativa verde aos veículos que se movimentam por motores de combustão interna. Assim, os metais de bateria são cruciais na busca por um meio ambiente equilibrado. 

Lítio Verde

No fim de julho deste ano, a Sigma Lithium, associada do Instituto Brasileiro de Mineração, o IBRAM, exportou a primeira remessa de lítio verde do mundo, extraída no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A carga teve como destino a China, que transformará o lítio, matéria-prima, em baterias a serem utilizadas em todo o mundo.

O lítio verde tem essa definição por cumprir o padrão triplo zero: sem carbono, sem rejeitos e sem químicos nocivos.  Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil está entre os países com maior potencial de extração de lítio do mundo, assim como Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália. Entretanto, o lítio do Brasil ofereceria diferenciais competitivos que otimizam os investimentos. Ao contrário da maioria dos outros países, o mineral encontrado em Minas Gerais é de alta pureza, facilitando seu uso na fabricação de baterias mais potentes.

* Com informações de Brasil Escola, E-Investidor, OCDE, IPEA, The Economist e Ministério de Minas e Energia

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