Sim, tudo tem mineração!
30 Nov 2022
A comida que você come, sua casa, seu celular e até produtos que vão auxiliar no modo de vida mais sustentável tem presença da mineração
Produção de alimentos, acessórios, roupas, computadores, celulares, construção de casas. Tudo isso tem em comum a presença da mineração. O setor que hoje emprega, apenas na Bahia, direta e indiretamente aproximadamente 150 mil pessoas, está presente nas mais diversas cadeias produtivas e é essencial para a vida como conhecemos, não só hoje, como também para o futuro, uma vez que alguns minérios são essenciais para a produção, por exemplo, de baterias, carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.
A necessidade da mineração tem ficado cada dia mais evidente, principalmente durante a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que enfatizou a dependência brasileira da importação de fertilizantes. Outra notícia que vem atraindo a atenção para o setor, foi o recente anúncio de que os Estados Unidos vai investir, US$ 30 milhões de dólares (aproximadamente R$ 158 milhões de reais) em uma empresa, no Brasil, de transformação dos minerais estratégicos níquel e cobalto.
Conforme dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), o Brasil extrai cerca de 90 bens minerais, destes mais de 40 podem ser encontrados na Bahia, e que servem de insumos a várias cadeias produtivas. Mesmo que a percepção geral seja que os produtos minerais estejam presentes no cotidiano do cidadão em produtos, como automóveis, na construção civil, celulares e computadores, existem muitas outros produtos que necessitam de substâncias minerais, destacando-se agricultura (fertilizantes, corretivos e remineralizadores de solo); alimentação (insumos para processamento de alimentos); eletroeletrônica, na geração e transmissão de dados; produção e transmissão de energia; dentre outras, além da importante água mineral.
De acordo com professor da Escola de Engenharia de Minas Gerais, Lino de Freitas, em artigo publicado na Dom Total, “mais do que nunca, minérios são imprescindíveis em nosso dia a dia. Além de se tratar de uma atividade econômica de suma importância, em função da geração de empregos, arrecadação de impostos e exportação de produtos, os materiais metálicos e não metálicos obtidos por meio da transformação de minérios, estão presentes em praticamente qualquer atividade da vida moderna. Uma infinidade de materiais pode ser citada como exemplos desse fato: aço, carvão, cimento, vidro, fertilizantes, areia e brita para construção, argila para tijolos e materiais cerâmicos e muitos outros”, explica.
Conforme o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, a mineração está presente em tudo. “Na nossa comida, nos óculos, na lâmpada, na fivela do cinto, na fiação elétrica, no celular, no computador, e inclusive no talco que passa no bebê. A mineração é um setor muito importante para a sociedade e precisamos nos atentar mais para isso. A Bahia por exemplo é um grande produtor de talco e pouca gente sabe disso, destacou Tramm.
Bahia segue em destaque
Nesse cenário que se desenha cada vez mais importante para o setor mineral, a Bahia desponta como um dos principais produtores do país. Atualmente o estado que é o terceiro maior produtor é também o principal de minerais estratégicos como níquel, cobre, vanádio e urânio. Tanta evidência é refletida na previsão de investimentos no setor.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), a Bahia ocupa a segunda colocação na lista dos estados que receberão mais investimentos no setor mineral no país, nos próximos quatro anos. Dos mais de U$$ 40 bilhões de dólares, estimados para o período de 2022 a 2026, em todo o país no setor mineral, aproximadamente U$$ 6 bilhões, o equivalente a quase R$ 30 bilhões de reais, serão investidos na Bahia.
Já no que se refere aos investimentos em pesquisa mineral, a Bahia também se destaca. Mesmo já sendo o estado mais bem estudado geologicamente do país, dados da ANM mostram que no acumulado dos últimos cinco anos (2017 a 2021) a Bahia foi o estado que mais realizou investimentos em pesquisa mineral. No total, foram mais de R$ 1,5 bilhões de reais (contabilizando investimentos públicos e privados), o que vem se refletindo nos resultados crescentes obtidos pelo setor nos últimos anos. “A Bahia hoje é a campeã nacional em pesquisa mineral. Um em cada três reais aplicados em pesquisa é aqui na Bahia”, enfatizou o presidente do IBRAM, Raul Jungmann.
O ouro é a bola da vez
A pesquisa mineral é essencial para o desenvolvimento da mineração e peça fundamental para a realização de novas descobertas. Além dos minérios estratégicos, já citados, como o níquel, cobre, vanádio e urânio, a Bahia é uma grande produtora de ouro. Utilizado na confecção de joias, medalhas e componentes eletrônicos, boa parte da produção mineral comercializada do estado vem desse minério. Conforme dados do Sumário Mineral de novembro, divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE), de janeiro a outubro de 2022, o ouro representou 27% da produção mineral comercializada neste período.
Número que pode ser superior em 2023, com a ampliação das produções da Equinox Gold, situada em Santaluz. A mina, descoberta através das pesquisas da CBPM, foi inaugurada em julho deste ano e por esse motivo não contabilizará produção em todos os meses de 2022. Já a Yamana Gold, uma das maiores produtoras de ouro do estado, situada no município de Jacobina acumula uma produção de mais de 41 milhões de toneladas de minério. De acordo com o vice-presidente de operações Brasil e Argentina da JMC Yamana Gold, Sandro Magalhães, a meta da empresa para 2023, que foi adquirida recentemente pela canadense Pan American, é ampliar esses números. “Vamos passar a produzir mais de 200 mil onças de ouro, o que equivale a 62 toneladas. Isso coloca Jacobina na rota dos maiores produtores do minério no mundo. Nossa previsão é gerar aproximadamente 700 novos empregos”, revelou.