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Terras-raras: Suécia descobre maior depósito mineral da Europa

19 Jan 2023

A empresa estatal de mineração da Suécia LKAB anunciou, no dia 12/01, a descoberta do maior depósito mineral da Europa, com abundante quantidade de terras-raras. Localizado em Kiruna, uma cidade ao norte do país, já conhecida por possuir o maior depósito de minério de ferro do mundo. Entretanto, qual o impacto dessa descoberta no setor mineral mundial? 

Para entender, é importante entender o que são as terras-raras. Este termo é dado a um conjunto de elementos químicos normalmente encontrados na natureza misturados a minérios, de difícil extração, o que explica o nome,  mas com características peculiares, como magnetismo intenso e absorção e emissão de luz. 

Essas propriedades especiais fazem com que as terras-raras sejam usadas numa infinidade de aplicações tecnológicas, como lâmpadas de LED, lasers, superímãs; estão presentes nos discos rígidos de computadores, carros elétricos, celulares, sistemas de energia renovável e outras tecnologias vitais. 

China domina a produção mundial de terras-raras

China domina a produção mundial de terras-raras. Crédito: Divulgação

Atualmente, a produção mundial de terras-raras é dominada pela China. Estima-se que cerca de 97% das terras-raras estejam localizadas na Ásia, especialmente no país chinês, que detém dois terços das reservas globais e 87% do total comercializado no mundo.

A descoberta da Suécia aumenta a esperança de que a União Europeia reduza a dependência da China em relação a esses minerais. Atualmente, Pequim fornece à Europa cerca de 95% dos metais do tipo utilizados pelo bloco.  De acordo com comunicado da LKAB, este depósito descoberto na Suécia “pode se tornar um bloco significativo para a produção de matérias-primas críticas, sendo absolutamente cruciais para permitir a transição verde”, explica o CEO da estatal, Jan Mostrom. 

Entretanto, o diretor de Sustentabilidade e Assuntos Regulatórios do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM – Mineração do Brasil), Julio Nery, explica que a produção de terras-raras na Suécia precisa passar por um longo processo de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias. “Descobrir um depósito mineral não é suficiente. É necessário fazer testes metalúrgicos neste minério. Sabemos que terras-raras mais pesadas são mais valiosas. Elas são um espectro de 10, 12 metais e existe uma diferença de valor entre eles. Então, agora tem que haver um estudo de como esse material se concentra no local”, explica. 

Julio Nery ainda reforça que o fato de já existir a produção de minério de ferro no local facilita e que a Suécia tem total capacidade de desenvolver tecnologia. No entanto, “são questões tecnológicas que não serão resolvidas em um ano. Vai levar um tempinho para isso”, ressalta. 

A estatal sueca destacou que planeja apresentar um pedido de concessão de exploração em 2023, mas acrescentou que deve levar pelo menos 10 a 15 anos antes que possam começar a minerar o depósito e fornecer para o mercado.

Terras-raras no Brasil 

O Brasil tem grandes reservas de terras-raras e está entre os três maiores detentores de reserva mineral. A China está em primeiro lugar, seguida do Vietnã e do Brasil, com o mesmo nível de reservas. As duas maiores reservas identificadas no território brasileiro estão localizadas na Amazônia e em Araxá (MG). De acordo com dados de 2018 do United States Geological Service (USGS), o país possui uma reserva de 22 milhões de toneladas. 

O diretor do IBRAM – Mineração do Brasil explica que “apesar da grande quantidade de reserva, a produção ainda é incipiente. Estima-se que em 2022 a produção brasileira de terras-raras tenha sido de 500 toneladas. Isso muito em função de processamento como subprodutos de outros minérios, a exemplo da produção realizada pela Mineração Taboca, no norte do país”, avalia.  

Nery ainda reforça que o Brasil tem um grande caminho para avançar. “Ainda estamos em um nível muito baixo de produção. Temos espaço para crescer e reservas para isso. Hoje,  no Brasil, você tem efetivamente muitas pesquisas de terras-raras, mas os projetos anunciados para produção ainda são poucos”, finaliza. 

*Com informações da Revista Veja e Jornal da Universidade de São Paulo (USP). 

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