Brasil reivindica ilha submersa rica em minerais

17 Jul 2025
Descoberta pode ter implicações significativas para a geopolítica e economia do País
O Brasil vem tentando junto à ONU o reconhecimento de uma “ilha submersa” no Atlântico Sul, como parte integrante da plataforma continental brasileira. Esta formação tem grande potencial de exploração de minérios – inclusive os 17 elementos que compõem as chamadas terras raras, muito usados em baterias, turbinas e painéis solares.
A área reivindicada está localizada a cerca de 1.200 quilômetros da costa do Rio Grande do Sul e é, por isso, chamada de Elevação do Rio Grande. Com cerca de 500 mil quilômetros quadrados, a ilha é equivalente ao território da Espanha, por exemplo. Acredita-se que já foi emersa – uma ilha tropical no meio do Atlântico – e começou a se formar no período de abertura do oceano, milhões de anos atrás.
Ela parte da base oceânica, a cerca de 5 mil metros de profundidade, e se ergue até “apenas” 700 metros abaixo do nível do mar. É formada por montes, platôs, cânions e canais submarinos, além de uma gigantesca fenda tectônica, que os geólogos chamam de “rift”.
O Brasil reivindica a área desde 2018, quando um pedido foi apresentado formalmente à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) da ONU. Já em 2025 a solicitação foi reforçada, embasada em novos estudos geológicos e geofísicos realizado por um grupo multidisciplinar da USP, que envolve o Instituto Oceanográfico, a Escola Politécnica e o Instituto de Geociências. Há, ainda, parceria com universidades britânicas, alemãs e japonesas.
Esses estudos apontam que a Elevação do Rio Grande tem características muito parecidas com as do interior de São Paulo e pode ter sido parte do território que hoje é o Brasil. No entanto, ela está fora da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do País, que fica a até 200 milhas náuticas do continente.
A Elevação do Rio Grande está numa área conhecida como Margem Oriental-Meridional e é uma das três reivindicadas pelo Brasil em águas internacionais. As outras ficam em na Região Sul e na Margem Equatorial.
Mineração
Os estudos apontam que a ilha submersa abriga elementos químicos como cobalto, manganês, níquel, telúrio, ítrio, escândio e lantanídeos. Todos são essenciais para a transição energética que o mundo atravessa, por serem largamente empregados em turbinas eólicas, painéis solares, baterias, ímãs, ligas metálicas e eletrônicos.
Como se sabe, esses elementos compõem as chamadas “terras raras” – que, apesar do nome, não são tão raras assim: ocorre que elas estão espalhadas na natureza em pequenas concentrações, o que dificulta a extração. Além disso, seu beneficiamento exige complexas tecnologias que hoje são dominadas por poucos países, notadamente a China.
Além das grandes implicações econômicas e geopolíticas, a descoberta da ilha submersa pode transformar a compreensão da história geológica e cultural do Brasil, pois abre novas possibilidades para o estudo das migrações e interações culturais pré-históricas na América do Sul.
Fonte: G1, UOL e Terra
Ilustração: Reprodução / Google / POA 24h / Perfil Brasil