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Terras-raras: essenciais para a fabricação de produtos de tecnologia atraem capital estrangeiro

23 Nov 2023

A crise climática gerou uma busca mundial pela transição energética, que pode trazer grandes oportunidades e desafios para o setor mineral brasileiro. Esta mudança exige uso crescente de energias de fontes renováveis, o que passa, obrigatoriamente, pela maior oferta de minérios considerados cruciais para esta finalidade.

Já mostramos anteriormente, aqui no Portal da Mineração, o crescimento da produção do lítio, mineral utilizado para a produção de baterias, na região do Vale do Jequitinhonha (clique aqui e leia a matéria completa). Entretanto, existem outros minerais no Brasil essenciais para a transição energética, que atraem investimentos estrangeiros. 

Terras-raras: essenciais para a fabricação de produtos de tecnologia atraem capital estrangeiro.

Terras-raras: Brasil é o terceiro maior produtor do mundo.  Crédito: Wikimedia Commons

O Brasil concentra a terceira maior reserva do mundo de terras-raras, atrás da China e quase empatado com o Vietnã. Considerado o “ouro do século XXI”, Minas Gerais desponta com três grandes projetos de terras raras, que somam R$ 4,6 bilhões. De acordo com matéria publicada no jornal O Globo, a australiana Meteoric Resources vai aplicar R$ 1 bilhão em Poços de Caldas, onde a Viridis planeja outro projeto de R$ 1,2 bilhão. A empresa brasileira Terra Brasil vai minerar em Patos de Minas e Presidente Olegário, no Alto Paranaíba, e assinou protocolo de intenções de R$ 2,4 bilhões.

Mas, não é somente nas terras mineiras que haverá investimentos. Em Goiás, a Mineração Serra Verde investe R$ 800 milhões em Minaçu. E a canadense Aclara Resources acaba de anunciar a descoberta de nova jazida no estado. Na Bahia, a Brazilian Rare Earths, de capital australiano, anunciou ter obtido concessão para explorar cerca de 460 quilômetros quadrados em Jequié. A expectativa é que Serra Verde seja a primeira a iniciar a exploração, em 2024.

Há ainda depósitos de terras raras identificados no sul do Tocantins, onde a Mineração Serra Verde faz pesquisas em dois municípios: Jaú do Tocantins e Palmeirópolis, e na Amazônia. Foram encontrados elementos químicos (chamados de ETRs) em rejeitos da mina de Pitinga, da Mineração Taboca, de onde é extraída a cassiterita, em Presidente Figueiredo, no Amazonas.

Em seminário no fim de outubro promovido pela Comissão Ambiental da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Poços de Caldas, o diretor-executivo da Meteoric, Marcelo Carvalho, anunciou que “o Brasil tem potencial para atender de 10% a 15% do mercado mundial de terras-raras nos próximos dez anos”. 

Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Poços de Caldas, a produção de terras-raras vai melhorar a renda dos 163 mil habitantes da cidade e a arrecadação da cidade pode crescer até 50%. “Novas empresas devem chegar pelo potencial da região, que engloba também o município de Andradas”, afirmou em entrevista para O Globo. 

O que são terras-raras? 

As terras-raras são um conjunto de elementos químicos, normalmente encontrados na natureza misturados a minérios, de difícil extração – daí o nome -, mas com características peculiares, como magnetismo intenso e absorção e emissão de luz. Essas propriedades especiais fazem com que sejam usadas numa infinidade de aplicações tecnológicas, como lâmpadas de LED, lasers, superímãs presentes nos discos rígidos de computadores e motores de carros elétricos, e na separação de componentes do petróleo.

A grande procura pelas terras raras no Brasil atualmente são três dos 17 ETRs (neodímio, praseodímio e disprósio) usados na fabricação de superímãs, usados em motores de carros elétricos e turbinas de energia eólica. Especialistas estimam que a procura por esses minerais deve crescer até seis vezes até 2040. 

*Com informações do jornal O Globo e do jornal da Universidade de São Paulo (USP)

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